terça-feira, 1 de julho de 2014

Paulo Bento: «Mantinha decisão de ficar em Campinas»

Confrontado com a questão muitas vezes falada quanto ao local do quartel-general durante o Mundial'2014, o selecionador nacional Paulo Bento admitiu que, se fosse hoje, não trocaria a decisão.

"Todos falam da questão do clima, mas quantas pessoas falaram disso antes do jogo com a Alemanha? Ou de que deveríamos ir para um sítio mais longe de São Paulo? Essa não pode ser a minha decisão... Se mantinha o quartel-general em Campinas? Claro que mantinha! Não acho que tenhamos perdido com a Alemanha ou empatado com os Estados Unidos por causa disso. Se forem avaliar outros casos, está mais do que provado que as dificuldades são grandes, mas não foi por isso que perdemos por 4-0. Estávamos a perder por 1-0 aos 10'; por 2-0 aos 38'. Não há, do meu ponto de vista, uma questão causa-efeito entre perder por 2-0 por causa da temperatura", disse, à TVI24.

Em relação às declarações de João Moutinho, que admitiu a dificuldade em jogar em Manaus, Bento foi claro. "A partir dos 80 minutos, quando estávamos a perder, tivemos uma reação, o que mostra que acabava por ser uma questão mais mental do que física. É evidente que há períodos em que os jogadores estão cansados por vários motivos. Mas não me parece que possamos relacionar tudo o que tenha a ver com resultados com a questão da temperatura, com a questão da humidade. Houve outros erros a ver com jogo, nomeadamente técnico-táticos. Não deixámos de cometer erros no primeiro golo dos Estados Unidos, ou no segundo. Tudo isso deriva da questão climática? Claro que não! Não conseguimos ser competentes...", analisa.

"Hoje em dia joga-se nas mais variadas horas e não acredito que, com cada alteração de horário, se vai condicionar com base nessa alteração. Se se jogar as quatro, vamos treinar às quatro? Falando da questão da Alemanha: eles chegaram ao Brasil três dias antes de nós. Três dias não são suficientes para nos adaptarmos, nem três treinos chegam para justificar resultados."

"Chegámos como chegaram muitas outras equipas e na minha opinião não é suficiente para uma adaptação. Se formos jogar para Manaus, não nos vamos adaptar numa semana ou em duas. Mas quando vamos à Bolívia, não vamos uma semana antes", analisou.

Recordando o Euro'2012, Paulo Bento explicou que tudo se processou da mesma forma: "Quando chegámos à Polónia, faltavam cinco dias para o primeiro jogo. E, se fossemos mais cedo para o Brasil, era por questão de fuso horário. Por isso, não teria cortado do plano ir aos Estados Unidos. Nós perdemos o jogo com a Alemanha, ou não ganhámos ao Estados Unidos, por erros que cometemos, que eu também cometi, por opções que demorei a tomar, mas não pelo planeamento, ou por chegarmos quando chegamos e por treinarmos em São Paulo".

"A maioria das equipas ficaram em São Paulo, Rio ou Minas Gerais. A exceção foram Grécia, Croácia e Gana, que estiveram em zonas quentes e de humidade... E não alterava nada do nosso plano, porque tivemos tempo para planear, sabendo o clima que iríamos ter para jogar e o que iríamos ter para treinar. Sabíamos o nosso objetivo e fizemos por consegui-lo", concluiu.

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